Filiação dos autores:
1 [Enfermeiro, Universidade Federal de Pernambuco, UFPE, Recife, PE, Brasil]
2 [Médico Residente, Universidade Federal de Pernambuco, UFPE, Recife, PE, Brasil]
3 [Enfermeira, Universidade do Estado do Amazonas, UEA, Manaus, AM, Brasil]
4 [Médico, Universidade Federal de Pernambuco, UFPE, Recife, PE, Brasil]
Editor-chefe responsável pelo artigo: Leonardo Baldaçara
Contribuição dos autores segundo a Taxonomia CRediT: Inácio AS, Osis SL, Tavares LM [1,2,3,4,5,6,7,8,10,11,12,13,14], Vilar AFCB [14]
Conflito de interesses: declaram não haver
Fonte de financiamento: declaram não haver
Parecer CEP: não se aplica
Recebido em: 20/09/2023 | Aprovado em: 27/12/2024 | Publicado em: 04/01/2024
Como citar: Inácio AS, Vilar AFCB, Osis SL, Tavares LM. Sintomas depressivos e ansiosos na equipe de enfermagem durante a pandemia da COVID-19: revisão sistemática. Debates em Psiquiatria, Rio de Janeiro. 2024;14:1-30 https://doi.org/10.25118/2763-9037.2024.v14.1051
Objetivo: Analisar a prevalência de sintomas de ansiedade e depressão em profissionais de enfermagem durante o atendimento a pacientes com COVID-19. Método: revisão sistemática, conforme recomendações do PRISMA, com delimitação baseada na estratificação de componentes PICO. Busca realizada nas bases de dados da Pubmed, LILACS, Scielo e e WHO-COVID-19, com estudos originais transversais, durante o período de janeiro de 2020 a janeiro de 2022. Os estudos selecionados tiveram sua qualidade metodológica avaliada por meio do Joanna Briggs Institute Checklist for Analytical Cross Sectional Studies . Os achados foram verificados por meio de distribuições de frequências simples das variáveis analisadas. Resultados: Foram identificados 1.500 estudos através das estratégias de busca, destes 22 foram incluídos por meio dos critérios de elegibilidade. A pandemia de COVID-19 desencadeou um enorme impacto na saúde mental dos profissionais de enfermagem, sobretudo mulheres, com idade igual ou superior a 30 anos, casadas, enfermeiras, jornada laboral maior que 30 horas semanais, com menos de 10 anos de efetiva atuação profissional e com vínculo público. Conclusão: A presente revisão sistemática encontrou elevados níveis de sintomas ansiosos e depressivos na equipe de enfermagem durante a pandemia da COVID-19. Esse dado aponta para a necessidade de criação de estratégias de cuidado da saúde mental desta população.
Palavras-chave: transtorno mental, COVID-19, ansiedade, depressão, equipe de enfermagem, enfermagem.
Objective: To analyze the prevalence of anxiety and depression symptoms in nursing professionals when caring for patients with COVID-19. Method: systematic review, according to PRISMA recommendations, with delimitation based on the stratification of PICO components. Search carried out in the Pubmed, LILACS, Scielo and and WHO-COVID-19 databases, with original cross-sectional studies, during the period from January 2020 to January 2022. The selected studies had their methodological quality assessed using . The findings were verified through simple frequency distributions of the analyzed variables. Results: 1,500 studies were identified through the search strategies, of which 22 were included using the eligibility criteria. The COVID-19 pandemic had a huge impact on the mental health of nursing professionals, especially women, aged 30 or over, married, nurses, working hours greater than 30 hours per week, with less than 10 years of effective experience professional and with public ties. Conclusion: This systematic review found high levels of anxious and depressive symptoms in the nursing team during the COVID-19 pandemic. This data points to the need to create mental health care strategies for this population.
Keywords: mental disorder, COVID-19, anxiety, depression, nursing team, nursing.
Objetivo: Analizar la prevalencia de síntomas de ansiedad y depresión en profesionales de enfermería al atender a pacientes con COVID-19. Método: revisión sistemática, según recomendaciones PRISMA, con delimitación basada en la estratificación de componentes PICO. Búsqueda realizada en las bases de datos Pubmed, LILACS, Scielo y BVS y OMS-COVID-19, con estudios transversales originales, durante el período de enero de 2020 a enero de 2022. Los estudios seleccionados tuvieron su calidad metodológica evaluada mediante el Joanna Briggs Institute Checklist para Estudios Analíticos Transversales. Los hallazgos fueron verificados mediante distribuciones de frecuencia simples de las variables analizadas. Resultados: Se identificaron 1.500 estudios a través de las estrategias de búsqueda, de los cuales 22 fueron incluidos mediante los criterios de elegibilidad. La pandemia de COVID-19 tuvo un enorme impacto en la salud mental de los profesionales de enfermería, especialmente mujeres, de 30 años o más, casadas, enfermeras, con jornada laboral mayor a 30 horas semanales, con menos de 10 años de experiencia profesional efectiva y con servicio público. corbatas. Conclusión: Esta revisión sistemática encontró altos niveles de síntomas ansiosos y depresivos en el equipo de enfermería durante la pandemia de COVID-19. Estos datos apuntan a la necesidad de crear estrategias de atención de salud mental para esta población.
Palabras clave: trastorno mental, COVID-19, ansiedad, depresión, grupo de enfermería, enfermería.
A pandemia de COVID-19 teve início em dezembro de 2019 na cidade de Wuhan - China, com rápida disseminação mundial. No Brasil, no dia 26 de fevereiro de 2020, o Ministério da Saúde oficializou o primeiro caso de infecção pelo novo coronavírus na cidade de São Paulo. Segundo dados do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), cerca de 20 mil enfermeiros foram afastados por infecção por COVID-19 até o mês de junho de 2020, quantitativo duplicado já em dezembro desse mesmo ano. Desde o início da pandemia, o Brasil apresentava cerca de 700 mortes de profissionais de enfermagem, o que correspondeu a um terço das mortes entre os trabalhadores de saúde do país até aquele momento .
A assistência ao paciente com COVID-19 foi realizada sob condições de trabalho insatisfatórias, devido ao desconhecimento da doença, à falta de recursos e à insuficiência de insumos e materiais, dentro do contexto pandêmico . Tais fatores contribuíram para que muitos profissionais de saúde se contaminassem . A enfermagem é a categoria profissional que representa o maior número de efetivo nas instituições de saúde, bem como a mais próxima no cuidado aos pacientes, estando sob particular risco de contaminação .
O desequilíbrio entre as circunstâncias de vida e de trabalho pode desencadear prejuízos, tais como declínios de produtividade, desempenho e satisfação com a vida e com suas atividades laborais . A alta exposição das equipes de enfermagem, vinculada à carga de trabalho exaustiva, pode afetar negativamente a saúde mental dos envolvidos. O desequilíbrio e incapacidade de gestão implicaram em níveis crescentes de adoecimento, não apenas físico, mas também mental, da categoria durante a pandemia .
Estudo realizado na China com 1.257 profissionais de saúde revelou números expressivos de sintomas relacionados aos transtornos mentais, como depressão (50,4%) e ansiedade (44,6%). O maior número de casos foi evidenciado em profissionais de enfermagem. O envolvimento direto desses profissionais com pacientes infectados gerou estigmatização social, isolando-os da sociedade e de suas próprias famílias. No ambiente laboral, precisaram lidar com um alto grau de exigência profissional, baixa remuneração e extensa carga horária . Somado a essa realidade, durante a pandemia, o distanciamento social e familiar, bem como o convívio diário com o sentimento de perda e impotência frente às elevadas taxas de mortalidade de pacientes e colegas, tornou as circunstâncias ainda mais desafiadoras para essa categoria .
A desvalorização da classe de enfermagem, refletida em condições precárias de trabalho, é discutida desde muito antes do catastrófico cenário atual, contudo, somente em meio ao caos pandêmico ocorreu uma repentina e mais aguda percepção da relevância dessa classe profissional dentro dos serviços de saúde.
O objetivo desse estudo foi analisar a prevalência de sintomas de ansiedade e depressão em profissionais de enfermagem durante o atendimento a pacientes com COVID-19 a partir de uma revisão sistemática de literatura. A realização de estudos com esse escopo se torna necessária, considerando todas as adversidades e situações que aumentaram a vulnerabilidade ao adoecimento mental por parte das equipes de enfermagem. Esses estudos servirão de subsídios para luta por melhorias para essa classe profissional.
Este estudo consiste em uma revisão sistemática da literatura, a qual avalia criticamente pesquisas científicas relevantes, por meio de uma questão que norteará a utilização de métodos sistemáticos e explícitos. A presente revisão foi elaborada mediante às recomendações do PRISMA ( Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-analyzes ) e registrada na base de dados internacional PROSPERO (International Prospective Register of Systematic Reviews) , sob o nº de registro CRD42022337695.
A verificação de elegibilidade dos estudos foi considerada a partir dos seguintes critérios de inclusão:
Bem como os seguintes critérios de exclusão:
A pergunta que norteou as buscas foi “Qual a prevalência de sintomas de ansiedade e depressão em profissionais de enfermagem durante o enfrentamento da pandemia por COVID-19?”. A coleta dos estudos foi realizada nas bases de dados eletrônicos da National Library of Medicine – MEDLINE/Pubmed, Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde – LILACS, Scientific Eletronic Library Online – Scielo, Biblioteca Virtual de Saúde – BVS, WHO-COVID-19 Research Database – COVID-19, Literatura Global sobre a doença, por meio de buscas direcionadas, assim como através das referências dos artigos relacionados.
Foi utilizada a estratégia de busca PICO (acrônimo de Patient, Intervention, Comparison and Outcomes ), ferramenta que auxilia a construção da pergunta de pesquisa e delimitação do seu escopo .
Foi utilizada uma variação, denominada PICO, sendo: P, para população (Equipe de Enfermagem); I, para intervenção (COVID-19); C, para comparação (Demais profissionais de Saúde); O, desfecho (Sintomas de Ansiedade e Depressão); e T, tipos de estudo (Estudos transversais).
Foram utilizados os seguintes descritores durante o processo: Transtorno Mental; COVID-19; Ansiedade; Depressão; Equipe de Enfermagem; Enfermagem. Foram utilizados também outros descritores secundários quanto à estratégia de busca, conforme o Quadro 1. Os termos foram separados pelos operadores booleanos “AND” e “OR”. Todos os descritores incluídos estão disponíveis dentro dos Descritores em Ciências da Saúde – (DeCS).
Os estudos incluídos nesta presente revisão sistemática foram selecionados mediante à leitura inicial dos títulos e resumos. Em seguida, realizou-se a análise dos textos completos, para a verificação dos critérios de inclusão estabelecidos. De modo a delinear o processo de seleção, empregou-se o fluxograma das diretrizes do PRISMA .
A elegibilidade de inclusão foi avaliada de forma sistemática e independente por dois revisores. Quaisquer discordâncias, houve a inserção de um terceiro revisor mais experiente. A extração dos dados se deu pelos autores do estudo. Os resultados obtidos inicialmente corresponderam a 1.500 resumos. Destes, a base de dados da Scielo resultou em 107 estudos e as bases de dados da LILACS, BVS, Pubmed e WHO-COVID-19 resultaram em 3, 244, 644 e 502 estudos, respectivamente.
Os resultados iniciais das buscas foram exportados ao Software State of Art Through Sistematic Review (Start), através do programa foram identificadas 426 repetições. Considerou-se o equivalente a 237 artigos para elegibilidade, dos quais apenas 22 foram classificados para a amostra final.
Dentre os estudos selecionados, foram coletadas as informações sobre as características das publicações (autores, ano de publicação, país de publicação, periódico publicado e base de dados), além da caracterização da população (sexo, idade, estado civil, escolaridade, profissão, contrato de trabalho, tempo de serviço e carga horária semanal). A análise dos dados ocorreu de modo descritivo. Os estudos selecionados foram analisados através das medidas de frequências e valores absolutos. Os achados correspondentes aos questionamentos da pesquisa foram verificados por meio das distribuições de frequências simples e absolutas das variáveis estabelecidas.
Os instrumentos utilizados nos estudos selecionados para a identificação de sintomas de ansiedade e depressão foram as escalas General Anxiety Disorder-7 (GAD-7), STAI State-Trait Anxiety Inventory (STAI), Patient Health Questionnaire (PHQ), Beck Depression Inventory (BDI), Depression Anxiety Stress Scales (DASS-21), Hospital Anxiety and Depression Scale (HADS) e Depression Screening Tool .
Os estudos selecionados a comporem a presente revisão, em sua fase final, tiveram sua qualidade metodológica avaliada por meio do Joanna Briggs Institute Checklist for Analytical Cross Sectional Studies , composto por oito itens, com quatro opções de respostas cada, quais sejam, “Sim”, “Não”, “Incerto” e “Não aplicável”, conforme a Figura 1, 26 estudos foram selecionados para a avaliação de qualidade, destes, 22 foram aqui incluídos.
Foram identificados 1.500 estudos por meio das estratégias de busca em todas as bases de dados, destes, 426 foram excluídos por duplicidade, 138 não estavam disponíveis integralmente e foram descartados. Após a leitura dos títulos e resumos, 699 estudos foram excluídos, por não se enquadrarem dentro do escopo da presente revisão e, após a leitura integral, 215 estudos não se adequaram aos critérios de elegibilidade, os quais resultaram em 22. O processo completo de seleção dos artigos é ilustrado na Figura 2.
Dentre as publicações incluídas neste estudo, 81,8% (n=18) foram publicadas no ano de 2021 e em língua inglesa, 45,5% (n=10) estavam disponíveis na base de dados eletrônica da WHO-COVID-19. A Europa foi o continente com maior número produções, com 36,4% (n=8), e o país com o maior número individual de publicações foi a China, com 18,2% (n=4) das produções. A caracterização dos estudos incluídos está descrita dentro do Quadro 2.
A presente pesquisa propunha traçar o perfil sociodemográfico dos profissionais de enfermagem incluídos nestes estudos selecionados, contudo, poucos apresentaram tal caracterização detalhada ou disponibilizaram poucos dados referentes à população estudada.
As pesquisas científicas incluídas nesta revisão totalizaram 14.966 profissionais de enfermagem. Verificou-se que apenas 20 estudos apresentavam o perfil sociodemográfico de suas amostras de forma detalhada, com base em seus números, foi identificado que 95% eram do sexo feminino e 46% apresentaram profissionais com faixa etária maior que 30 anos. 50% destes também encontraram prevalência de profissionais de enfermagem casados e 18% de solteiros. Em 32% não foi informado o estado civil dos profissionais.
Os enfermeiros tiveram maior destaque dentro dos estudos como objeto de pesquisa, com prevalência em 68%, enquanto em 14% houve prevalência de técnicos de enfermagem e os outros 18% não referiam a esta divisão, dentro de sua amostra. Destacou-se os profissionais de enfermagem com nível superior em 36% dos estudos, 9% salientavam os profissionais pós-graduados, enquanto 55% não tinham resultados referentes ao grau de escolaridade dos profissionais mais acometidos.
As pesquisas selecionadas apresentavam poucos dados referentes ao contrato de trabalho. Entre as que citavam, houve prevalência de profissionais com vínculo público, de carga horária semanal superior a 30 horas. Quanto ao tempo de serviço, 41% apresentavam profissionais de enfermagem com menos de 10 anos de serviço.
As escalas mais utilizadas para identificação de sintomas depressivos e ansiosos foram o Patient Health Questionnaire (PHQ) e o General Anxiety Disorder-7 (GAD-7) , em 64% (n=14) dos estudos. Todos apresentaram prevalência de sintomas depressivos e sintomas ansiosos entre os profissionais de enfermagem e/ou elevado risco de desenvolvimento, especialmente os sintomas psiquiátricos relacionados à ansiedade, que foram mais evidentes, seja nos casos já identificados, como nos estudos que avaliavam os riscos para o desenvolvimento.
As pesquisas selecionadas apresentaram prevalências variáveis entre os níveis de sintomas de ansiedade e depressão. O estudo de Crowe et al. identificou maior prevalência de depressão (57%) e ansiedade (67%) entre os profissionais de enfermagem, enquanto Hong et al. apresentou os menores níveis de ansiedade (8,1%) e depressão (9,4%). Os principais resultados obtidos estão disponíveis no Quadro 3.
As maiores prevalências de sintomas de ansiedade e depressão foram identificadas no continente americano, com média de 48,5% e 35,2%, respectivamente. O continente europeu apresentou a segunda maior média de prevalência de sintomas de ansiedade, com 35,6%, seguido do continente asiático, com 31,04%. Todavia, este superou aquele quando comparadas as médias de depressão, com 33,6% e 23,3%, respectivamente. Os continentes África e Oceania não tiveram estudos selecionados para a presente revisão.
Os realizados na América do Sul apresentaram maior média de depressão entre os profissionais de enfermagem, os sul-americanos obtiveram uma média de 42,6%, enquanto os da América do Norte apresentaram média de 41,5%. Quanto aos sintomas de ansiedade, estes apresentaram média de 55%, número maior em relação aos sul-americanos, com 45,3%.
A maior parte dos estudos (n=21) ocorreu durante o ano de 2020. Seus processos de coleta de dados foram realizados durante a primeira onda da COVID-19, quando ainda não havia muitas informações a respeito da doença, dos métodos de tratamento e principalmente do desenvolvimento de vacinas no mundo. Apenas o estudo de Sánchez-Sánchez et al. foi realizado durante o primeiro e segundo pico de disseminação.
Dentre os aqui selecionados, apenas 68,2% (n=15) apresentavam fatores relacionados ao desenvolvimento de sintomas de ansiedade e depressão. Os principais destaques dentro foram o medo de contaminação por COVID-19, com 45,5% (n=10); Tempo de serviço, com 18,2% (n=4); Idade, com 13,6% (n=3); Sexo feminino, com 9,1% (n=2) e uso inadequado ou ausência de equipamentos de proteção individual, também com 9,1% (n=2). Constatou-se que 31,8% (n=7) dos estudos não apresentaram, em seus resultados, dados referentes a fatores relacionados ao desenvolvimento de sintomas de ansiedade e depressão. Carriero et al. destacou que 64,9% dos profissionais de enfermagem desenvolveram algum sintoma psiquiátrico por medo de contaminação e transmissão do vírus para familiares. Outros autores também apresentam em seus estudos resultados similares, tais como os de Cho et al. ; Cai et al. ; Kim et al. ; Ohue et al. ; Sampaio, Sequeira e Teixeira .
Outros fatores relacionados identificados foram os sociodemográficas. Appel, Carvalho e Santos constatou que idade, tempo de serviço e satisfação no trabalho são fatores preditores de sintomas de ansiedade e depressão. Santos et al. correlaciona o desenvolvimento de ansiedade e depressão com o sexo feminino, cor/raça parda e profissionais com renda inferior a 5 salários-mínimos. Vitale, Galatola e Mea , Serrano et al. e Xiong, Yi e Lin destacaram sobrecarga de serviço e anos de experiência como fatores relacionados ao desenvolvimento de transtornos psiquiátricos.
A presente revisão sistemática identificou que os profissionais de enfermagem tiveram elevados níveis de sintomas depressivos e ansiosos durante a pandemia da COVID-19. Estes níveis parecem ter sido mais elevados do que os níveis pré-pandêmicos. Os profissionais mais acometidos por sintomas de transtornos de ansiedade e depressão ante ao contexto pandêmico foram as mulheres, com idade igual ou superior a 30 anos, casadas, enfermeiras, com nível superior de escolaridade, jornada laboral maior que 30 horas semanais, com menos de 10 anos de efetiva atuação profissional e com vínculo empregatício público .
A equipe de enfermagem promoveu assistência direta e contínua aos pacientes com COVID-19. A proximidade física os expunha ao vírus e ao adoecimento. É possível que esses sejam fatores relevantes para explicar os elevados sintomas de ansiedade e depressão, através da elevação dos níveis de estresse que essa população estava submetida . Por essas questões, estiveram mais propensos ao desenvolvimento de transtornos mentais quando comparados aos demais profissionais de saúde .
Existem diversos aspectos que influenciaram no declínio da saúde mental dos profissionais de enfermagem, dentre eles, as respostas dos governos, políticas de gestão pública, dificuldade na aquisição de recursos humanos e materiais, além dos aspectos pessoais, como o aumento da solidão, rejeição por parte da sociedade, elevada mortalidade dos pacientes e risco de contaminação própria e de familiares .
Em uma análise global, o continente americano apresentou maiores níveis de ansiedade e depressão entre os profissionais de enfermagem, seguidos de Europa e Ásia. Estudo realizado com profissionais de enfermagem em Wuhan, epicentro da doença, demonstrou que mais de um terço dos enfermeiros atuantes na linha de frente sofreram sintomas depressivos e sintomas ansiosos durante o período , levando a acreditar que esses níveis de acometimento refletem a tendência de propagação da doença . Diante disso, é necessária a compreensão de que as diferenças no desenvolvimento desses dois transtornos são atribuídas às características socioculturais e políticas de cada sociedade, estruturas de saúde, resiliência e o próprio curso da pandemia. Os picos de disseminação entre os continentes foram diferentes, bem como a gestão pública, o enfrentamento dos governos e sociedade, além dos recursos humanos e materiais. Todos esses aspectos devem e precisam ser levados em consideração quando se realiza uma avaliação geral, pois embora os profissionais de saúde possuam conhecimentos e competências que lhes permitam lidar com situações complexas como uma pandemia, o alto nível de sofrimento relacionado ao trabalho desencadeou elevados níveis de ansiedade e depressão .
O isolamento social, a ausência do apoio familiar e a estigmatização da sociedade tiveram efeito potencial a curto e longo prazo na saúde mental dos profissionais de enfermagem. Todavia, dentre as inúmeras incertezas inerentes ao cenário pandêmico, o treinamento adequado e especializado foi utilizado para amenizar sua percepção negativa entre esses profissionais, resultando em efeitos protetores da saúde mental, evidenciado por diferenças de percepção individual de cada profissional .
Profissionais de enfermagem do sexo feminino se apresentaram como mais propensas ao sentimento de angústia, em comparação ao sexo masculino, além de duas vezes mais predispostas a experimentarem uma maior carga psicológica . Ressalta-se também que as mulheres possuíam duas vezes maior propensão a desenvolver depressão durante a vida que os homens, em decorrência de fatores genéticos, hormonais, fisiológicos e ambientais . A maior presença de mulheres exercendo enfermagem pode contribuir a esses resultados, podendo sobrevalorizar as discrepâncias de gênero.
Identificou-se, a partir desta revisão, maior predisposição ao desenvolvimento de ansiedade e depressão entre profissionais de enfermagem com mais de 30 anos, casados ou com filhos e/ou parentes mais velhos. Isso pode ser justificado pela maior dificuldade de adaptação a uma vida solitária, ocasionada pelo isolamento social e pelas restrições de contato familiar .
Os profissionais com nível superior apresentaram maiores níveis de ansiedade e depressão, quando comparados ao restante da equipe de enfermagem dentro dos estudos. Profissionais com maior nível de educação formal e maior experiência representaram uma parcela importante da equipe atuante na prevenção e controle da pandemia, resultando em maior exposição direta ao fator ansiogênico avaliado no presente estudo.
Por outro lado, enfermeiros que não se sentiam devidamente confiantes e preparados apresentavam maiores níveis de ansiedade durante a pandemia, o que despertou sentimentos de incompetência e impotência diante do cenário calamitoso experienciado, resultando em experiências psicológicas negativas . Nesse sentido, profissionais de enfermagem com menos de dez anos de experiência estiveram mais predispostos ao desenvolvimento de ansiedade e depressão .
Estudo realizado em Portugal identificou que profissionais de enfermagem que atuavam em instituições públicas de saúde trabalhavam em média 35 horas semanais, enquanto os profissionais de instituições privadas possuíam tempo de trabalho geralmente de 40 horas por semana. Ainda constatou que, durante o surto de COVID-19, os profissionais de enfermagem trabalhavam em média por 42 horas semanais.
Embora não seja possível inferir que a carga horária seja um determinante preditivo para o desenvolvimento de sintomas psiquiátricos de ansiedade e depressão, sugere-se que o acúmulo de horas de serviço pode levar a um efeito prejudicial na saúde mental dos profissionais .
O número de vínculos empregatícios também influenciou diretamente na saúde mental dos profissionais de enfermagem, bem como as jornadas duplas e triplas, que foram classificados como fatores agravantes, pois elevaram o desgaste físico e psicológico . Além disso, as condições de trabalho extremas e desgastantes, devido aos requisitos de isolamento de infecção, aumentaram a intensidade do trabalho, com maior desgaste físico e mental .
Uma maior renda mensal está associada como fator protetor ao desenvolvimento de sintomas de ansiedade e depressão . Faz-se necessário ponderar que uma rotina de trabalho saudável deve ser intercalada com intervalos de descanso entre as jornadas de trabalho. Nessa direção, foi evidenciado que férias recentes tiveram associação à redução dos níveis de ansiedade e depressão . Outro fator importante foi a qualidade do sono, que atua como fator protetor significativo para elevados níveis de ansiedade e de depressão. Infere-se que profissionais com jornadas duplas e triplas terão padrão de sono prejudicado, levando a maiores taxas de adoecimento mental . Portanto, a renda pode ser considerada fator protetor, desde que não esteja atrelada a longas jornadas de serviço.
Dados referentes ao tipo de vínculo foram pouco explorados dentro da literatura selecionada e, portanto, não devem ser utilizados para inferir um padrão quando se trata dos profissionais de enfermagem. Embora se tenha demonstrado maior prevalência de ansiedade e depressão em profissionais com vínculo público, há, ainda, significativa prevalência em profissionais que atuam em instituições privadas. Aspectos como as condições de trabalho, falta de estabilidade no emprego, além das mudanças repentinas decorrentes do cuidado ao paciente com COVID-19, podem ter influenciado diretamente no desenvolvimento de sintomas de ansiedade e depressão .
O perfil pandêmico do vírus SARS-CoV-2, a sua rápida disseminação, a preocupação com a doença, com a segurança pessoal e com a escassez de equipamentos de proteção individual (EPI) foram fatores primordiais ao desenvolvimento de transtornos mentais entre os profissionais de enfermagem . A presente revisão identificou que os principais fatores ligados ao aumento dos índices de ansiedade e depressão foram o medo de contaminação , seguido pelo tempo de serviço e carga horária exaustiva, faixa etária jovem, sexo feminino e insegurança nos processos de trabalho.
O medo de contágio e exposição da família e dos amigos reflete em sentimento de culpa, desespero e falta de motivação com o trabalho, aspectos que implicaram no desenvolvimento de transtornos mentais . Tais fatores, somados ao isolamento social, são experiências associadas ao risco em até três vezes do desenvolvimento de sintomas depressivos e sintomas ansiosos. Vale ressaltar que o estudo realizado na China identificou que os profissionais de enfermagem que tiveram familiares infectados ou mortos pela doença tiveram maior nível de ansiedade e depressão com ideação suicida , o que corrobora os resultados obtidos nas demais pesquisas ao redor do mundo .
Estudo realizado na Coreia do Sul identificou que o medo de infecção e disseminação do vírus estava associado à insegurança com os materiais utilizados para proteção individual, afetando negativamente a saúde mental dos profissionais de saúde e acarretando o desenvolvimento de transtornos de ansiedade e depressão entre os profissionais de enfermagem. Em virtude disso, a falta de EPI e o medo da contaminação foram os principais fatores de maior sobrecarga psicológica durante a primeira onda da pandemia .
Atuar no cuidado direto a pacientes com COVID-19 foi considerado fator independente para o desenvolvimento de doenças mentais . Apenas um estudo realizado na América do Sul demonstrou em seus resultados que estar na linha de frente ao cuidado de pacientes com COVID-19 não possuiu nenhuma associação significativa com o desenvolvimento de depressão ou ansiedade . Nesse caso em particular, a satisfação no trabalho entre os profissionais de saúde foi um fator de impacto positivo em sua satisfação com a vida, podendo ser este um fundamental aspecto protetor para ansiedade e depressão .
Durante a segunda onda de disseminação do vírus, identificou-se uma diminuição significativa dos níveis de sintomas depressivos e sintomas ansiosos na equipe de enfermagem, sobretudo proveniente da melhoria na formação desses profissionais, da aquisição de recursos materiais, humanos e da gestão da pandemia. O mesmo não foi observado no primeiro pico de disseminação, quando havia poucas informações, falta de preparo e capacitação de profissionais, bem como a falta dos recursos materiais essenciais, além do elevado número de contaminação entre os profissionais de saúde .
A ansiedade e depressão são consideradas males do século XXI, ambas desencadeadas por situações de estresse e autocobranças. Situações complexas e inesperadas como uma pandemia proporcionam um grande desequilíbrio emocional . Uma parcela dos profissionais de enfermagem demonstrava possuir alguns problemas de saúde mental anteriores, seja pela carga excessiva de trabalho, ou múltiplos vínculos, baixa remuneração e desvalorização social . Associando essa realidade ao cenário de pandemia, compreende-se que as consequências podem ser ainda mais críticas.
Dentro das limitações observadas, a falta de informações dos dados sociodemográficos dificultou a identificação do perfil social dos profissionais de enfermagem e o entendimento de sua influência ao desenvolvimento dos transtornos de ansiedade e depressão. Fatores como carga horária semanal, tipo de vínculo empregatício e renda mensal podem contribuir diretamente como elementos estressores e desencadeantes de transtornos mentais e foram pouco elucidados. A ausência de pesquisas realizadas no continente africano e na Oceania também demonstra a inviabilidade de execução de um estudo comparativo entre os continentes. Regiões do globo se encontravam simultaneamente em diferentes estágios de disseminação da doença, bem como possuíam meios de combate e estratégias diferentes de enfrentamento, essa caracterização em um estudo comparativo poderia agregar em investigações sobre a prevalência de ansiedade e depressão durante a pandemia de COVID-19.
A presente revisão sistemática encontrou elevados níveis de sintomas ansiosos e depressivos na equipe de enfermagem durante a pandemia da COVID-19. Estes níveis parecem ter sido mais elevados do que os níveis pré-pandêmicos. Os profissionais mais acometidos por sintomas de transtornos de ansiedade e depressão ante ao contexto pandêmico foram as mulheres, com idade igual ou superior a 30 anos, casadas, enfermeiras, com nível superior de escolaridade, jornada laboral maior que 30 horas semanais, com menos de 10 anos de efetiva atuação profissional e com vínculo empregatício público. Esses dados apontam para a necessidade de criação de estratégias de cuidado da saúde mental desta população. É preciso lembrar da exposição diária a fatores semelhantes ao que aconteceu na pandemia, embora em menor escala, que a equipe de enfermagem é submetida. Além disso, é preciso considerar que o efeito negativo da pandemia na saúde mental parece continuar mesmo após o término da pandemia.
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