methodol Saúde mental em tempos de inteligência artificial: estamos na vanguarda de uma nova era?
Carta ao Editor

Saúde mental em tempos de inteligência artificial: estamos na vanguarda de uma nova era?

Mental health in times of artificial intelligence: are we at the forefront of a new era?

Salud mental en tiempos de inteligencia artificial: ¿estamos a la vanguardia de una nueva era?

1. Lucas Tamamaru Santos Leite
e-mail orcid Lattes

Filiação dos autores:

1 [Especializando, Programa de Formação em Psiquiatria, Hospital Heidelberg, Curitiba, PR, Brasil]

Editor-chefe responsável pelo artigo: Maria Alice de Vilhena Toledo

Contribuição dos autores segundo a Taxonomia CRediT: Leite LTS [1,7,13]

Conflito de interesses: declaram não haver

Fonte de financiamento: declaram não haver

Parecer CEP: não se aplica

Recebido em: 21/08/2024 | Aprovado em: 04/09/2024 | Publicado em: 13/09/2024

Como citar: Leite LTS. Saúde mental em tempos de inteligência artificial: estamos na vanguarda de uma nova era? Debates em Psiquiatria, Rio de Janeiro. 2024;14:1-5. https://doi.org/10.25118/2763-9037.2024.v14.1326

Resumo

A inteligência artificial (IA) vem representando uma revolução na assistência médica, especificamente ao que se refere à saúde mental, cujo potencial leva em conta algoritmos de diagnóstico, análise de dados de diversas fontes e monitoramento de pacientes em tempo real, no entanto, questões associadas à privacidade, ao preconceito e ao risco desta ferramenta substituir o atendimento humano também são evidentes; de modo que a regulamentação e o envolvimento do médico são fundamentais para a sua implantação equitativa; não obstante potencializar a tomada de decisões clínicas e a eficiência, em contrapartida, pode secundar os dilemas morais, perda de autonomia e questões relacionadas ao escopo da prática, o alcance de um equilíbrio entre os pontos fortes e as limitações implica em utiliza-la como um suplemento clínico validado sob supervisão médica; a sua trajetória deve estar alinhada à otimização do tratamento de saúde mental e a manutenção do cuidado compassivo; mas não se pode negar que a sua integração na psiquiatria e psicoterapia é uma realidade.

Palavras-chave: inteligência artificial, psiquiatria, saúde mental.

Abstract

Artificial intelligence (AI) has been representing a revolution in healthcare, specifically in mental health, whose potential includes diagnostic algorithms, data analysis from various sources and real-time patient monitoring. However, issues associated with privacy, prejudice and the risk of this tool replacing human care are also evident; therefore, regulation and physician involvement are essential for its equitable implementation. Although it enhances clinical decision-making and efficiency, on the other hand, it can support moral dilemmas, loss of autonomy and issues related to the scope of practice. Achieving a balance between strengths and limitations implies using it as a validated clinical supplement under medical supervision. Its trajectory must be aligned with optimizing mental health treatment and maintaining compassionate care. However, it cannot be denied that its integration into psychiatry and psychotherapy is a reality.

Keywords: artificial intelligence, psychiatry, mental health.

Resumen

La inteligencia artificial (IA) ha representado una revolución en la atención médica, específicamente en lo que respecta a la salud mental, cuyo potencial tiene en cuenta algoritmos de diagnóstico, análisis de datos de diferentes fuentes y seguimiento de los pacientes en tiempo real, sin embargo, cuestiones asociadas a la privacidad, los prejuicios y también son evidentes los riesgos de que esta herramienta sustituya al cuidado humano; para que la regulación y la participación de los médicos sean fundamentales para su implementación equitativa; Si bien mejora la toma de decisiones clínicas y la eficiencia, por otro lado puede generar dilemas morales, pérdida de autonomía y cuestiones relacionadas con el ámbito de la práctica, lograr un equilibrio entre fortalezas y limitaciones implica utilizarlo como un complemento clínico validado. bajo supervisión médica; su trayectoria debe estar alineada con la optimización del tratamiento de salud mental y el mantenimiento de una atención compasiva; pero no se puede negar que su integración en la psiquiatría y la psicoterapia es una realidad.

Palabras clave: inteligencia artificial, psiquiatria, salud mental.



Prezados editores e leitores do periódico Debates em Psiquiatria

A saúde mental é um componente essencial da saúde e do bem-estar de uma pessoa, e é fundamental para o desenvolvimento individual, social e socioeconômico de qualquer país. Ações para a prevenção e intervenção precoce são urgentemente necessárias e indiscutíveis. As mudanças no estilo de vida, a pressão do trabalho e a pressão acadêmica levam a mais problemas psicológicos entre a população comum.

A inteligência artificial vem sobressaindo como uma relevante fonte de promessas para melhorar significativamente a prestação de cuidados de saúde em diferentes cenários. Embora a tecnologia da IA possa ser rastreada até meados do século XX, as últimas décadas testemunharam um crescimento significativo em seu uso na saúde.

Em virtude desta amplitude, uma revisão descritiva da literatura publicada em 2023 discutiu o cenário atual e o papel da inteligência artificial na saúde mental, incluindo triagem, diagnóstico e tratamento. O autor traz uma abordagem relevante, equipada com recursos de análise preditiva, a inteligência artificial, no atual nível em que se encontra, pode melhorar o planejamento do tratamento ao prever a resposta de um indivíduo a várias intervenções.

A análise preditiva, que usa dados históricos para formular intervenções preventivas, alinha-se com a mudança em direção à saúde mental individualizada e preventiva. Nos domínios de triagem e diagnóstico, um subconjunto destas ferramentas, como aprendizado de máquina e aprendizado profundo, demonstrou analisar vários conjuntos de dados de saúde mental e prever os padrões associados a vários problemas de saúde mental, contudo questões éticas, segurança cibernética, falta de diversidade de análise de dados, sensibilidade cultural e barreiras linguísticas continuam sendo preocupações para a implementação dessa abordagem futurística em cuidados de saúde mental de forma mais ampla.

Em um estudo anterior de 2023 , os autores igualmente ressaltam que a ascensão da inteligência artificial anuncia uma revolução significativa na assistência médica na saúde mental, com um potencial importante que abrange algoritmos de diagnóstico, análise de dados de diversas fontes e monitoramento de pacientes em tempo real, porém, há questões envolvidas a serem consideradas, como privacidade, preconceito e o risco de substituir o atendimento humano. A supervisão regulatória e o envolvimento do médico são necessários para a sua implementação equitativa.

Para os autores, embora a inteligência artificial possa melhorar a tomada de decisões clínicas e a eficiência, ela também pode exacerbar dilemas morais, perda de autonomia e questões relacionadas ao escopo da prática. Alcançar um equilíbrio entre os pontos fortes e limitações envolve a sua utilização como um suplemento clínico validado sob supervisão médica, necessitando do envolvimento ativo do clínico na pesquisa, ética e regulamentação.

A integração da inteligência artificial e o seu uso em psiquiatria está no horizonte, presume-se que ela poderia fornecer um meio escalável, conveniente e acessível para fornecer ensinamentos básicos de reformulação cognitiva, validação, aceitação, desfusão de pensamento e outras ferramentas psicológicas. Para que isso ocorra, um serviço de terapia de inteligência artificial teria que criar confiança, oferecer viabilidade e demonstrar eficácia clínica.

Menciono que, um futuro adequado configura-se em que a inteligência artificial forneça um suplemento bem validado para o cuidado clínico, enquanto isso, deve permanecer sob os cuidados daqueles com treinamento médico apropriado, de modo a fornecer cuidados equitativos e baseados em evidências.

À medida que a revolução tecnológica avança, devemos reagir rapidamente aos benefícios e armadilhas revelados em seu caminho. Isso é necessário para melhor apoiar sua otimização para tratar a saúde mental, minimizando sua usurpação do elemento humano necessário para o cuidado compassivo.

Por essas razões, é imperativo que os clínicos assumam um papel ativo na pesquisa, desenvolvimento, comentário ético e regulamentação para o uso da inteligência artificial para melhor atender nossos pacientes.

Referências

1. Alhuwaydi AM. Exploring the role of artificial intelligence in mental healthcare: current trends and future directions - a narrative review for a comprehensive insight. Risk Manag Healthc Policy. 2024;17:1339-48. https://doi.org/10.2147/rmhp.s461562 PMID:38799612 - PMCID:PMC11127648

2. Espejo G, Reiner W, Wenzinger M. Exploring the role of artificial intelligence in mental healthcare: progress, pitfalls, and promises. Cureus. 2023;15(9):e44748. https://doi.org/10.7759/cureus.44748

Debates em Psiquiatria, Rio de Janeiro. 2024