Filiação dos autores:
1 [Professor, Faculdade de Medicina da Universidade Luterana do Brasil/ULBRA, Canoas, RS, Brasil. Preceptor do Ambulatório de Psiquiatria do Hospital Universitário de Canoas, Canoas, RS, Brasil.]
2 [Pós-Doutor em Medicina Molecular, Presidente, Associação Brasileira de Psiquiatria, ABP, Rio de Janeiro, RJ, Brasil]
Editor-chefe responsável pelo artigo: Leandro Fernandes Malloy-Diniz
Contribuição dos autores segundo a Taxonomia CRediT: Weber CAT, Silva AG [1,12,13,14]
Conflito de interesses: declaram não haver
Fonte de financiamento: declaram não haver
Parecer CEP: não se aplica
Recebido em: 20/01/2025 | Aprovado em: 21/01/2025 | Publicado em: 24/01/2025
Como citar: Weber CAT, da Silva AG. Mentes apostadoras: o que há atrás das BETS?. Debates em Psiquiatria, Rio de Janeiro. 2025;15:1-12. https://doi.org/10.25118/2763-9037.2025.v15.1405
As apostas esportivas on-line, conhecidas como bets, têm se popularizado exponencialmente, apresentando implicações significativas para a saúde pública. Este artigo investiga os fatores neurobiológicos, psicológicos e sociais que sustentam o comportamento apostador, destacando o papel da dopamina, o reforço intermitente e o impacto do marketing digital. O transtorno do jogo, reconhecido pela OMS como transtorno mental, é associado ao aumento de casos de dependência comportamental. Discute-se a necessidade de regulamentação das plataformas de apostas, proteção de populações vulneráveis e estratégias de prevenção, diagnóstico e tratamento, enfatizando a urgência de políticas públicas para mitigar os impactos sociais e emocionais dessa prática.
Palavras-chave: apostas esportivas, transtorno do jogo, reforço intermitente, dependência comportamental, saúde pública.
Online sports betting, known as bets, has gained exponential popularity, posing significant public health challenges. This article explores the neurobiological, psychological, and social factors underpinning gambling behavior, emphasizing the role of dopamine, intermittent reinforcement, and digital marketing. Gambling disorder, classified by the WHO as a mental health condition, is linked to rising cases of behavioral addiction. The discussion underscores the need for stricter regulation of betting platforms, protection of vulnerable populations, and strategies for prevention, diagnosis, and treatment, highlighting the urgency of public policies to address the social and emotional consequences of this practice.
Keywords: sports betting, gambling disorder, intermittent reinforcement, behavioral addiction, public health.
Las apuestas deportivas en línea, conocidas como bets, han ganado una popularidad exponencial, presentando desafíos significativos para la salud pública. Este artículo analiza los factores neurobiológicos, psicológicos y sociales que sostienen el comportamiento apostador, destacando el papel de la dopamina, el refuerzo intermitente y el impacto del marketing digital. El trastorno por juego, clasificado por la OMS como un trastorno mental, está relacionado con el aumento de casos de adicción conductual. Se discute la necesidad de regular estrictamente las plataformas de apuestas, proteger a las poblaciones vulnerables y establecer estrategias de prevención, diagnóstico y tratamiento, enfatizando la urgencia de políticas públicas para mitigar las consecuencias sociales y emocionales de esta práctica.
Palabras clave: apuestas deportivas, trastorno por juego, refuerzo intermitente, adicción conductual, salud pública
As apostas esportivas, traduzidas do inglês como bets, derivam do verbo to bet, que significa apostar, refletindo diretamente a natureza do ato de arriscar algo em troca de um possível ganho. No contexto do mundo virtual e on-line, a expressão refere-se especificamente às apostas em jogos esportivos, uma prática que tem crescido exponencialmente nas últimas décadas. Com a evolução da tecnologia e o advento da conectividade móvel, as apostas esportivas on-line tornaram-se acessíveis a qualquer hora e lugar, bastando apenas um smartphone e conexão à internet.
Esse cenário, no entanto, transcende a conveniência tecnológica e expõe um problema significativo: a facilidade de acesso indiscriminado às plataformas de apostas. A ausência de controle rigoroso sobre quem pode jogar, a disponibilidade ininterrupta das plataformas e a promoção massiva de suas ofertas tornam as apostas esportivas uma atividade que vai além do entretenimento, podendo acarretar sérias implicações para a saúde pública. O impacto potencial inclui desde transtornos de dependência até questões sociais e financeiras, que afetam não apenas os indivíduos diretamente envolvidos, mas também suas famílias e a sociedade como um todo.
A indústria global de jogos de azar está se expandindo rapidamente, com perdas líquidas dos consumidores projetadas para atingir quase US$ 700 bilhões até 2028. O crescimento da indústria é alimentado pelo aumento do jogo on-line, ampla acessibilidade de oportunidades de jogo por meio de celulares, maior legalização e a introdução de jogos comerciais em novas áreas .
O envolvimento com apostas esportivas é sustentado por uma complexa interação de fatores neurobiológicos, psicológicos e sociais, que convergem para criar um ambiente altamente atrativo e, ao mesmo tempo, perigoso. Por exemplo, o ato de apostar ativa circuitos cerebrais associados à recompensa e à excitação, como o núcleo accumbens e o sistema dopaminérgico mesolímbico. Esses sistemas liberam dopamina, um neurotransmissor responsável pela sensação de prazer, criando um ciclo de estímulos que pode levar ao desenvolvimento de comportamentos compulsivos e ao transtorno do jogo .
Outro aspecto fundamental é o reforço intermitente, um mecanismo psicológico baseado na imprevisibilidade dos ganhos. Essa característica aumenta a liberação de dopamina e mantém o jogador engajado, mesmo diante de perdas sucessivas, já que o cérebro é condicionado a buscar a "próxima grande vitória". Essa dinâmica, combinada com a promessa ilusória de ganho fácil e rápido, contribui para a perpetuação de comportamentos de risco financeiro e alimenta o desejo de ascensão social sem esforço, frequentemente explorado pela indústria do jogo esportivo on-line.
Além disso, a glamourização das apostas esportivas por meio da publicidade digital e do uso de influenciadores cria uma ilusão de sucesso e status. A internet amplifica essa percepção, apresentando as apostas como uma oportunidade acessível para alcançar luxo, liberdade financeira e realização de desejos, enquanto obscurece os riscos financeiros e emocionais associados ao comportamento compulsivo.
Neste contexto, este artigo explora os elementos fundamentais que sustentam o comportamento apostador, analisando como fatores neurobiológicos, psicológicos e sociais convergem para transformar as apostas esportivas on-line em um problema emergente de saúde pública. A investigação busca não apenas compreender os mecanismos subjacentes ao fenômeno, mas também destacar as implicações dessa prática para os indivíduos e para a sociedade.
Embora o transtorno do jogo seja uma condição comum, os mecanismos neurobiológicos e psicológicos envolvidos ainda não estão completamente esclarecidos. Diversos estudos apontam que disfunções na transmissão dopaminérgica podem estar associadas ao desenvolvimento do comportamento de jogo patológico.
As apostas esportivas estimulam uma rede complexa de mecanismos neurobiológicos que aumentam a excitação e o prazer dos jogadores. O ato de apostar ativa áreas do cérebro, como o sistema límbico, frequentemente chamado de sistema de recompensa do cérebro, que é a área responsável por processar as sensações de prazer e satisfação. Regiões adicionais do cérebro, como córtex pré-frontal, responsável pela tomada de decisões entre outras funções, encontram-se envolvidas no transtorno do jogo. A liberação de dopamina nestas circuitarias cerebrais, estimulada pela imprevisibilidade dos ganhos, cria um ciclo de reforço positivo que pode levar à dependência comportamental. Essa excitação, frequentemente comparada ao efeito de substâncias químicas, alimenta o desejo contínuo de apostar, mesmo diante de perdas significativas .
O reforço intermitente desempenha um papel central nas apostas, já que o jogador nunca sabe quando irá ganhar ou perder. Essa incerteza aumenta os níveis de estímulo, promovendo a repetição do comportamento e dificultando a interrupção do ciclo de jogo. Além disso, a estimulação social — como a interação com outros jogadores ou a celebração de vitórias nas plataformas digitais — contribui para a normalização do comportamento, dificultando o reconhecimento de suas consequências negativas.
O transtorno do jogo, classificado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um transtorno mental e comportamental, surge nesse contexto. De acordo com a CID-11,
O transtorno do jogo é caracterizado por um padrão de comportamento de jogo persistente ou recorrente, que pode ser online (ou seja, pela internet) ou offline, manifestado por: 1. controle prejudicado sobre o jogo (por exemplo, início, frequência, intensidade, duração, término, contexto); 2. prioridade crescente dada ao jogo na medida em que o jogo tem precedência sobre outros interesses da vida e atividades diárias; e 3. continuação ou escalada do jogo apesar da ocorrência de consequências negativas. O padrão de comportamento de jogo pode ser contínuo ou episódico e recorrente. O padrão de comportamento de jogo resulta em sofrimento significativo ou em comprometimento significativo nas áreas pessoais, familiares, sociais, educacionais, ocupacionais ou outras áreas importantes de funcionamento. O comportamento de jogo e outras características são normalmente evidentes ao longo de um período de pelo menos 12 meses para que um diagnóstico seja atribuído, embora a duração necessária possa ser encurtada se todos os requisitos de diagnóstico forem atendidos e os sintomas forem graves .
Em reforço e sinteticamente, os sintomas do transtorno do jogo incluem perda de controle, persistência no jogo apesar das perdas e consequências negativas, e dependência emocional da prática.
A prevalência desse transtorno tem aumentado com a popularização das plataformas on-line, reforçando a necessidade de estratégias de prevenção e regulação. A OMS estima que uma a cada cem pessoas sejam afetadas pelo transtorno do jogo.
A possibilidade de obter ganhos financeiros rápidos e significativos é um dos principais atrativos das apostas esportivas. No entanto, diferentemente de atividades com recompensas fixas, as apostas exploram a incerteza dos resultados como um mecanismo para capturar a atenção e a motivação dos jogadores. O cérebro humano é particularmente sensível à expectativa de recompensa, especialmente quando o resultado é incerto. Essa incerteza gera uma ativação contínua do córtex pré-frontal ventromedial, que regula a tomada de decisões e a avaliação de riscos .
A tomada de decisão disfuncional e os desejos intensos representam aspectos fundamentais em todos os comportamentos viciantes. Especificamente no vício em jogos de azar, esses elementos contribuem significativamente para definir o que é conhecido como comportamento de perseguição .
O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5-TR); caracteriza o ato de "perseguir perdas" como a tendência de retornar a uma atividade, como o jogo, após sofrer uma perda financeira, com a intenção de tentar recuperar o valor perdido .
Esse mecanismo é reforçado pela chamada "falácia do jogador", uma crença equivocada de que resultados passados influenciam os futuros. Por exemplo, após uma sequência de perdas, o jogador acredita que está mais próximo de ganhar, aumentando sua propensão a continuar apostando. Essa percepção distorcida é explorada pelas plataformas on-line, que operam 24 horas por dia e oferecem promoções, bônus e notificações constantes para estimular o engajamento contínuo.
A longo prazo, a ilusão de ganho fácil e rápido pode levar ao desenvolvimento de comportamentos de risco financeiro, incluindo endividamento severo e comprometimento de bens pessoais. Essa dinâmica reflete não apenas o impacto econômico das apostas, mas também suas consequências emocionais, como ansiedade, frustração e descontrole diante de perdas repetidas.
Pessoas com maior suscetibilidade a jogos de azar tendem a apresentar uma menor ativação no córtex pré-frontal dorsolateral, uma região associada ao controle de impulsos e à tomada de decisões racionais. Esse déficit funcional prejudica a avaliação de riscos e a capacidade de resistir a recompensas imediatas, fatores que agravam o comportamento compulsivo característico do transtorno do jogo .
Essa disfunção no córtex pré-frontal contribui para uma maior propensão a comportamentos impulsivos e um menor controle inibitório, dificultando o processamento das consequências negativas de suas ações. Além disso, essas alterações cerebrais são comuns em outros transtornos relacionados a vícios, o que reforça a ligação entre menor ativação nessa região e a perda de autocontrole .
As apostas esportivas também exploram um anseio psicológico intenso: a busca por uma ascensão social rápida e sem esforço. Em uma sociedade onde o sucesso é frequentemente medido pela acumulação de bens materiais, muitos indivíduos veem as apostas como uma forma legítima de alcançar status financeiro-patrimonial e reconhecimento, sem a necessidade de trabalho árduo ou planejamento a longo prazo.
Além disso, o marketing das plataformas de apostas frequentemente reforça essa narrativa, promovendo histórias de sucesso e vitórias espetaculares. Essas mensagens criam uma percepção distorcida de que o jogo é uma rota viável e até mesmo comum para o enriquecimento, ignorando os riscos envolvidos. Essa expectativa irreal alimenta o ciclo de apostas, fazendo com que indivíduos vulneráveis invistam cada vez mais tempo e dinheiro na tentativa de "mudar de vida".
O ambiente digital potencializa o apelo das apostas esportivas ao construir uma imagem glamourosa e desejável em torno dessa prática. A publicidade massiva, combinada com o uso estratégico de influenciadores digitais e celebridades, apresenta as apostas como um estilo de vida associado ao luxo, à liberdade financeira e ao sucesso. Essas campanhas exploram o conceito do "outro lado da tela", onde o jogador acredita que a vitória está ao seu alcance, bastando apenas uma boa aposta.
Essa glamourização é sustentada por elementos visuais cuidadosamente projetados, que incluem vídeos promocionais de grandes vitórias, imagens de prêmios em dinheiro e narrativas de superação financeira. No entanto, essas mensagens raramente destacam os riscos envolvidos, como perdas financeiras significativas ou o impacto emocional do comportamento compulsivo.
Além disso, o anonimato e a conveniência do ambiente on-line contribuem para criar a ilusão de controle. Muitos jogadores acreditam que, por estarem no conforto de suas casas, estão menos expostos aos perigos do jogo. Na prática, essa percepção reduz a percepção de risco e facilita a escalada do comportamento compulsivo. O impacto psicológico da repetição constante dessas mensagens, aliado à facilidade de acesso, transforma o ambiente digital em um espaço altamente propício para o desenvolvimento de comportamentos problemáticos.
O crescimento exponencial das apostas esportivas on-line, impulsionado pela acessibilidade digital e pela publicidade massiva, expõe milhões de indivíduos aos riscos do jogo problemático. Diante dessa realidade, torna-se imperativo implementar medidas de regulação para minimizar os danos sociais e individuais associados a essa prática.
A expansão recente é mais notável em países de baixa e média renda, onde a infraestrutura regulatória é frequentemente fraca. O jogo de azar, pelo menos em alguma forma, agora é legalmente permitido em mais de 80% dos países em todo o mundo. O jogo on-line, dada sua acessibilidade sem fronteiras, está disponível em todos os lugares pela internet .
A regulação e o controle das casas de apostas é tema que se reveste de uma abordagem central para mitigar os riscos do jogo on-line envolve a regulamentação rigorosa das casas de apostas. A ausência de um controle efetivo permite que essas plataformas operem sem restrições claras, utilizando estratégias de publicidade sedutoras e explorando vulnerabilidades psicológicas dos jogadores. É crucial que as legislações sejam elaboradas para estabelecer critérios rigorosos de licenciamento e funcionamento dessas empresas, incluindo transparência nas práticas operacionais, limitação de horários de funcionamento e restrições ao crédito fácil para apostas.
Além disso, é essencial que o judiciário intervenha para proteger grupos vulneráveis, como crianças e adolescentes, da exposição à publicidade de apostas esportivas. Mensagens glamourosas e persuasivas associadas ao jogo criam uma percepção irreal de facilidade e sucesso, influenciando negativamente o desenvolvimento desses jovens. Medidas como proibir a publicidade voltada a menores de idade, restringir o horário de exibição de propagandas e exigir mensagens educativas sobre os riscos do jogo devem ser implementadas com urgência.
Quanto aos riscos do transtorno do jogo e a saúde pública merece destaque o fato de que sob o ponto de vista da saúde pública, o impacto do jogo on-line é alarmante. O transtorno do jogo, já reconhecido como um transtorno mental pela OMS , tem sua prevalência ampliada pela acessibilidade das apostas on-line e pelo reforço psicológico promovido por suas características, como o reforço intermitente e a imprevisibilidade dos ganhos. Os médicos psiquiatras alertam para o aumento significativo de casos de dependência comportamental associados às bets, especialmente entre jovens adultos, uma população especialmente vulnerável à atração do jogo digital.
As consequências do transtorno do jogo incluem problemas financeiros graves, isolamento social, ansiedade, depressão e, em casos extremos, comportamento suicida. Diante desse cenário, é fundamental que políticas de saúde pública sejam estruturadas para prevenir, diagnosticar, assistir e reabilitar indivíduos afetados por essa dependência.
A Comissão de Saúde Pública da Lancet sobre jogos de azar tem posição inequívoca quanto aos potenciais danos dessa prática: os jogos de azar representam uma ameaça à saúde pública, cujo controle requer uma expansão substancial e um endurecimento da regulamentação da indústria de jogos de azar. Uma resposta oportuna a essa crescente ameaça mundial exige uma ação conjunta nos níveis intergovernamental, nacional e regional .
Sem descuido, medidas de prevenção e intervenção são urgentes, com destaque para intervenções no âmbito da prevenção, onde a educação sobre os riscos do jogo deve ser uma prioridade, com campanhas de conscientização que alcancem escolas, universidades e espaços digitais. Além disso, plataformas de apostas devem ser obrigadas a exibir mensagens claras sobre os riscos de dependência, bem como oferecer ferramentas de autocontrole, como limites de tempo e de dinheiro gastos.
Em perspectiva ampliada, as recomendações principais da Comissão de Saúde Pública da Lancet estão apresentadas no Quadro 1.
É importante destacar que o diagnóstico precoce do transtorno do jogo também é uma medida crucial. Profissionais de saúde mental precisam ser capacitados para identificar sinais de comportamento compulsivo e oferecer suporte adequado. Estratégias como triagens em populações de risco e integração de questões relacionadas ao jogo em consultas médicas e psiquiátricas podem facilitar o reconhecimento do problema.
Os fatores neurobiológicos, psicológicos e sociais que influenciam o envolvimento com as apostas esportivas interagem de maneira complexa. Essa interação resulta em um comportamento amplamente disseminado, mas também em um problema emergente de saúde pública. Os fatores neurobiológicos, como o sistema de recompensa cerebral, desempenha um papel importante, enquanto os aspectos psicológicos e sociais, como a busca por gratificação instantânea e o ambiente de pressão social, contribuem para a intensificação desse comportamento. Em conjunto, essas dimensões tornam as apostas uma prática atraente, mas que, quando excessiva, pode levar a graves consequências para a saúde mental e o bem-estar dos indivíduos.
As apostas esportivas online se expandiram globalmente, tornando-se uma atividade acessível a uma ampla gama de pessoas. Essa popularização traz consigo benefícios, como a democratização do acesso ao entretenimento e a criação de novas oportunidades econômicas. Contudo, também expõe a sociedade a riscos consideráveis, como o aumento de comportamentos compulsivos, vícios e suas implicações para a saúde pública. Os desafios incluem a necessidade de lidar com os aspectos negativos, como a normalização do comportamento aditivo e a dificuldade em controlar o impacto das apostas na vida dos indivíduos, especialmente no contexto da conectividade online.
Diante dos riscos associados às apostas esportivas, é fundamental a implementação de um esforço coletivo entre legisladores, sistema judiciário e profissionais de saúde. A regulamentação das plataformas de apostas, o fortalecimento da proteção a crianças e adolescentes, e o desenvolvimento de políticas públicas que foquem na prevenção e no tratamento de vícios são ações essenciais para reduzir os danos dessa prática. Essas medidas podem ajudar a mitigar os efeitos adversos das apostas esportivas, protegendo a população dos perigos dessa atividade crescente e, muitas vezes, incontrolável.
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