Filiação dos autores:
[Especializanda, Psiquiatria, Clínica Heidelberg, CH, Curitiba, Paraná, Brasil]
Editor-chefe responsável pelo artigo: Flávia Heloísa Santos
Contribuição dos autores segundo a Taxonomia CRediT: Souza K [13, 14]
Conflito de interesses: declaram não haver
Fonte de financiamento: declaram não haver
Parecer CEP: não se aplica
Recebido em: 09/04/2025 | Aprovado em: 10/04/2025 | Publicado em: 19/04/2025
Como citar: Souza K. Resenha do livro: Júlio-Costa A, Starling-Alves I, Antunes AM. Leve pra quem? Transtorno do espectro autista nível 1 de suporte. Belo Horizonte: Ampla; 2023. Debates em Psiquiatria, Rio de Janeiro. 2025;14:1-5. https://doi.org/10.25118/2763-9037.2024.v14.1455
1. Transtorno do Espectro Autista Nível 1: caracterização ao longo do desenvolvimento, aspectos clínicos e epidemiologia
2. Transtorno do Espectro Autista: o que mudou com o DSM-5 e CID-11?
3. Avaliação neuropsicológica no Transtorno do Espectro Autista – Nível 1 de suporte: como fazer e quais as principais contribuições?
4. Transtorno do Espectro Autista Nível 1 em mulheres
5. Transtorno do Espectro Autista Nível 1 e altas habilidades
6. Transtorno do Espectro Autista Nível 1 e disfunção executiva
7. Transtorno do Espectro Autista Nível 1 de severidade e as alterações de comunicação social
8. Avaliação neuropsicológica da aprendizagem no Transtorno do Espectro Autista – TEA Nível 1
9. Reatividade sensorial e Transtorno do Espectro Autista Nível 1 – Avaliação e intervenção
10. Processamento das emoções e teoria da mente em adolescentes e adultos com Transtorno do Espectro Autista Nível 1 de suporte
11. Transtorno do Espectro Autista Nível 1 e sintomas internalizantes: ansiedade e depressão
12. Inclusão escolar e Transtorno do Espectro Autista Nível 1
13. Sexualidade e relacionamento no Transtorno do Espectro Autista Nível 1
14. Mercado de trabalho contado por um autista
15. Orientações para pais de filhos com Transtorno do Espectro Autista Nível 1
16. Terapia Cognitivo-Comportamental no tratamento do Transtorno do Espectro Autista Nível 1 de suporte
17. Lugar de fala: autismo Nível 1 por autistas Nível 1
Palavras-chave: autismo, neuropsicologia, saúde mental.
1. Autism Spectrum Disorder Level 1: Developmental Characteristics, Clinical Aspects, and Epidemiology
2. Autism Spectrum Disorder: What Changed with the DSM-5 and ICD-11?
3. Neuropsychological Assessment in Autism Spectrum Disorder – Level 1 Support: How to Do It and What Are the Main Contributions?
4. Autism Spectrum Disorder Level 1 in Women
5. Autism Spectrum Disorder Level 1 and Giftedness
6. Autism Spectrum Disorder Level 1 and Executive Dysfunction
7. Autism Spectrum Disorder Level 1 Severity and Social Communication Impairments
8. Neuropsychological Assessment of Learning in Autism Spectrum Disorder – ASD Level 1
9. Sensory Reactivity and Autism Spectrum Disorder Level 1 – Assessment and Intervention
10. Emotion Processing and Theory of Mind in Adolescents and Adults with Autism Spectrum Disorder Level 1 Support
11. Autism Spectrum Disorder Level 1 and Internalizing Symptoms: Anxiety and Depression
12. School Inclusion and Autism Spectrum Disorder Level 1
13. Sexuality and Relationships in Autism Spectrum Disorder Level 1
14. The Job Market Told by an Autistic Person
15. Guidance for Parents of Children with Autism Spectrum Disorder Level 1
16. Cognitive Behavioral Therapy in the Treatment of Autism Spectrum Disorder Level 1 Support
17. Own Voices: Level 1 Autism by Level 1 Autistic Individuals
Keywords: autism, neuropsychology, mental health
1. Trastorno del Espectro Autista Nivel 1: caracterización a lo largo del desarrollo, aspectos clínicos y epidemiología
2. Trastorno del Espectro Autista: ¿qué cambió con el DSM-5 y la CIE-11?
3. Evaluación neuropsicológica en el Trastorno del Espectro Autista – nivel 1 de apoyo: ¿cómo realizarla y cuáles son las principales contribuciones?
4. Trastorno del Espectro Autista Nivel 1 en mujeres
5. Trastorno del Espectro Autista Nivel 1 y altas capacidades
6. Trastorno del Espectro Autista Nivel 1 y disfunción ejecutiva
7. Trastorno del Espectro Autista Nivel 1 de severidad y alteraciones en la comunicación social
8. Evaluación neuropsicológica del aprendizaje en el Trastorno del Espectro Autista – TEA nivel 1
9. Reactividad sensorial y Trastorno del Espectro Autista Nivel 1 – Evaluación e intervención
10. Procesamiento de las emociones y teoría de la mente en adolescentes y adultos con Trastorno del Espectro Autista Nivel 1 de apoyo
11. Trastorno del Espectro Autista Nivel 1 y síntomas internalizantes: ansiedad y depresión
12. Inclusión escolar y Trastorno del Espectro Autista Nivel 1
13. Sexualidad y relaciones en el Trastorno del Espectro Autista Nivel 1
14. El mercado laboral contado por una persona autista
15. Orientaciones para padres de hijos con Trastorno del Espectro Autista Nivel 1
16. Terapia Cognitivo-Conductual en el tratamiento del Trastorno del Espectro Autista Nivel 1 de apoyo
17. Lugar de habla: autismo nivel 1 contado por personas autistas nivel 1
Palabras clave: autismo, neuropsicología, salud mental
"Leve pra quem?". O título do livro das organizadoras Annelise Júlio-Costa, Isabella Starling-Alves e Andressa Moreira Antunes, traz um questionamento importante quando se trata da visão popular (e equivocada) que se tem do transtorno do espectro autista nível 1 de suporte (TEA NS1) .
Muitas vezes, os pacientes ouvem coisas como "você tem o transtorno, mas é leve". É leve para os profissionais que lhe acompanham? É leve para seus familiares e amigos? É leve para os pacientes? Afinal, para quem?
Parte de uma coleção voltada à neuropsicologia na prática clínica, o livro lançado em 2023 explora diversas questões relacionadas ao TEA, divididas em cinco grandes tópicos: definição e diagnóstico, aspectos sociodemográficos e cognitivos, relacionamentos e inclusão, intervenções, e depoimentos de pacientes com o diagnóstico.
Em relação ao diagnóstico, o livro traz um capítulo que se propõe a discutir as mudanças nos critérios diagnósticos, com destaque para o CID-11 em relação ao CID-10. Para o CID-11, já não é mais especificada a idade em que os sintomas devem iniciar, e embora estejam presentes no desenvolvimento, podem se manifestar em sua totalidade ao longo da vida adulta. Esse dado é especialmente importante para o TEA NS1, já que esses indivíduos podem apresentar maior comportamento de masking, dificultando o diagnóstico precoce.
Ainda em relação ao processo diagnóstico, o livro também traz detalhes sobre a avaliação neuropsicológica, citando quais são os testes, quais as indicações e como avaliá-los. Esses dados são interessantes não apenas para neuropsicólogos, mas também para outros profissionais de saúde mental que terão maior propriedade para solicitar e avaliar os testes e os dados que eles trazem.
A segunda seção do livro, sobre aspectos sociodemográgicos e cognitivos, mostra-se muito relevante para a prática clínica, especialmente para diagnósticos diferenciais. Um capítulo dedicado ao TEA NS1 em mulheres explica o sobrediagnóstico nessa população, que pode ser devido a razões culturais. Timidez e quietude são vistas como características desejadas em meninas, e incomuns em meninos. Por isso, muitas meninas com TEA NS1 acabam não recebendo o diagnóstico.
O mesmo acontece com pessoas que possuem TEA comorbido com superdotação. O livro traz características da superdotação, como vocabulário extenso, facilidade de aprendizado, interesse precoce por livros, que podem tornar difícil a identificação do TEA (que se caracteriza por déficits na comunicação). Outros aspectos cognitivos também são explorados a fundo no livro, como a disfunção executiva, a teoria da mente, os sintomas internalizantes, e a reatividade sensorial.
Ao questionarmos "leve para quem?" é justamente ao levarmos em consideração todos os desafios enfrentados pelo paciente com TEA. É interessante que o livro também traga uma seção sobre inclusão, principalmente no ambiente escolar e de trabalho, além de abordar os relacionamentos e sexualidade dentro do espectro. A inclusão não deve se limitar a ter pessoas com TEA ocupando o ambiente, mas levar em consideração suas necessidades e especificidades. Rotinas bem estabelecidas, favorecer interações, atenção aos interesses específicos, e comandos explícitos são exemplos de medidas que podem ser tomadas.
Já em relação à sexualidade, é preciso desconstruir o estigma de "anjo azul", que invisibiliza esse aspecto da vida nas pessoas com TEA. É preciso que os profissionais da saúde saibam abordar o tema, para que essas pessoas também tenham acesso à informação adequada.
Por fim, uma seção dedicada a depoimentos de pacientes com TEA enriquece a leitura, pois mostra como se sentem em relação ao capacitismo, ao desgaste do masking, às dificuldades de adaptação, e até mesmo de conseguir o diagnóstico correto. Muitos pacientes buscaram avaliações com psicólogos, médicos e psiquiatras, e tiveram suas queixas diminuídas, e não receberam seu diagnóstico na primeira busca de atendimento. Ouviram que o diagnóstico tardio não mudaria nada em suas vidas, ou que se tivessem o transtorno já teriam sido diagnosticados antes.
Nesse sentido, o livro se torna relevante para a psiquiatria, por explorar de forma detalhada aspectos que podem auxiliar no diagnóstico diferencial e de comorbidades. Além disso, torna os psiquiatras mais familiarizados com os conceitos das avaliações neuropsicológicas. Ao trazer as vivências de pessoas com TEA, traz a dimensão humana, que vai muito além de critérios diagnósticos e testes, mostrando que o transtorno do espectro autista, nível de suporte 1, não é leve para quem sofre.
1. Júlio-Costa A, Starling-Alves I, Antunes AM. Leve pra quem? Transtorno do espectro autista nível 1 de suporte. Belo Horizonte: Ampla; 2023