Espiritualidade e desfechos clínicos na esquizofrenia: uma revisão integrativa da última década

Resumo

Introdução: A espiritualidade é um fator importante no tratamento de qualquer patologia mental. No entanto, devido à presença de delírios e alucinações com conteúdo religioso, esse pilar do tratamento é frequentemente negligenciado em pacientes com esquizofrenia. Objetivos: Este estudo é uma revisão integrativa da literatura sobre a relação entre espiritualidade e pacientes com esquizofrenia. Métodos: Após registro no PROSPERO, foi realizada uma busca nas bases PubMed, Cochrane e SciELO utilizando os termos “schizophrenia” e “spirituality”, limitada a artigos em inglês publicados nos últimos 10 anos. Dez artigos atenderam aos critérios de inclusão. Foram excluídos artigos que não abordavam diretamente o tema, duplicados, textos completos indisponíveis ou que relacionavam espiritualidade a outros transtornos. Resultados: Alta espiritualidade foi associada a maiores taxas de remissão (85,7% vs. 53,3%; p < 0,001) e a menos pensamentos suicidas (16,3% vs. 33,3%; p = 0,03). Não houve evidências de que a intensidade espiritual causasse exacerbações psicóticas. Pelo contrário, o envolvimento espiritual e religioso correlacionou-se com menor mortalidade por suicídio. Discussão: Os achados sobre fé e adesão ao tratamento foram variados. Ainda assim, a espiritualidade positiva foi associada a melhor funcionamento, redução da psicopatologia e maior capacidade de enfrentamento. As crenças contribuíram para a reintegração social e menor mortalidade, especialmente quando apoiadas por resiliência, sentido de vida e redes sociais. Limitações metodológicas, incluindo amostras pequenas e medidas heterogêneas, limitam a generalização dos resultados. Conclusão: Alta espiritualidade está associada a melhores desfechos clínicos — maior remissão e menos ideação suicida. No entanto, parece afetar mais os domínios emocionais e psicológicos do que a adesão direta ao tratamento.