Perfil sociodemográfico, psiquiátrico e criminal de homens sob medida de segurança em estado do Sudeste do Brasil

Autores

  • Gustavo Gabriel de Oliveira Villa Real Psiquiatra, Psicogeriatra, Coordenador do Curso de Medicina, Faculdade São Leopoldo Mandic, Limeira, SP, Brasil https://orcid.org/0009-0003-3192-3633
  • Rafael Bernadon Ribeiro Professor Adjunto, Faculdade de Ciências Médicas, Santa Casa de São Paulo, FCMSCSP, São Paulo, SP, Brasil
  • Ricardo Riyoti Uchida Professor Adjunto, Chefe do Departamento de Saúde Mental, Orientador do Programa de Pós Graduação Stricto Sensu, Coordenador do curso de Pós Graduação lato sensu em Psiquiatria, Faculdade de Ciências Médicas, Santa Casa de São Paulo, FCMSCSP, São Paulo, SP, Brasil https://orcid.org/0000-0002-4209-8830
  • Quirino Cordeiro Departamento de Psiquiatria, Escola Paulista de Medicina, EPM, Universidade Federal de São Paulo, UNIFESP, São Paulo, SP, Brasil https://orcid.org/0000-0002-4100-8207

DOI:

https://doi.org/10.25118/2763-9037.2025.v15.1404

Palavras-chave:

medida de segurança, imputabilidade, Cessação de Periculosidade, psiquiatria forense, hospitais de custódia

Resumo

Introdução: No Brasil portadores de transtornos mentais que cometeram crimes podem ser considerados inimputáveis, sendo indicada medida de segurança, seja em regime ambulatorial ou em hospitais de custódia. A avaliação de risco determinará a melhor modalidade de tratamento, sendo influenciada por referenciais difundidos na literatura, havendo poucos dados sobre a importância de características regionais. Objetivo: Conhecer o perfil sociodemográfico, psiquiátrico e criminal de indivíduos sob custódia no Estado de São Paulo, Brasil, e identificar quais fatores influenciam a avaliação de risco. Métodos: Estudo retrospectivo contendo 705 laudos periciais (definidores da periculosidade de indivíduos sob medida de segurança), realizados em centros de custódia no Estado de São Paulo, Brasil. Parecer CEP n. 5.947.583. Resultados: Mais de 75% da amostra não superou 8 anos de escolaridade; 83,3% não tinha relacionamento estável. Mais da metade dos periciandos (52,3%) haviam cometido crimes violentos; 74,5% eram reincidentes criminais. Os diagnósticos mais prevalentes eram transtornos por uso de substâncias (66,5%). As variáveis mais importantes relacionadas à manutenção do risco foram ausência de relacionamento estável (OR 1,79, IC 1,1-2,9), crime violento (OR 2,09, IC 1,5-2,9), déficit intelectual (OR 2,34, IC 1,5-3,7), transtorno de personalidade (OR 5,77, IC 3,3-10,1) e psicose (OR 5,38, IC 3,7-7,9). Discussão: Grande parte dos achados confirmam a literatura internacional. Entretanto, transtornos por uso de substâncias e reincidência criminal não tiveram relação estatisticamente significante com a conclusão pericial, ressaltando singularidade da amostra. Conclusão: Diferenças entre a população estudada e referenciais da literatura internacional ressaltam a importância de peculiaridades regionais e demonstram a necessidade de novos estudos em diferentes localidades.

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Biografia do Autor

Gustavo Gabriel de Oliveira Villa Real, Psiquiatra, Psicogeriatra, Coordenador do Curso de Medicina, Faculdade São Leopoldo Mandic, Limeira, SP, Brasil

Rafael Bernadon Ribeiro, Professor Adjunto, Faculdade de Ciências Médicas, Santa Casa de São Paulo, FCMSCSP, São Paulo, SP, Brasil

Ricardo Riyoti Uchida, Professor Adjunto, Chefe do Departamento de Saúde Mental, Orientador do Programa de Pós Graduação Stricto Sensu, Coordenador do curso de Pós Graduação lato sensu em Psiquiatria, Faculdade de Ciências Médicas, Santa Casa de São Paulo, FCMSCSP, São Paulo, SP, Brasil

Quirino Cordeiro, Departamento de Psiquiatria, Escola Paulista de Medicina, EPM, Universidade Federal de São Paulo, UNIFESP, São Paulo, SP, Brasil

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Publicado

2025-03-08

Como Citar

1.
Real GG de OV, Ribeiro RB, Uchida RR, Cordeiro Q. Perfil sociodemográfico, psiquiátrico e criminal de homens sob medida de segurança em estado do Sudeste do Brasil. Debates em Psiquiatria [Internet]. 8º de março de 2025 [citado 9º de março de 2025];15:1-16. Disponível em: https://revistardp.org.br/revista/article/view/1404

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Artigos Originais

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