Psicopatia: influências ambientais, interações biossociais e questões éticas
DOI:
https://doi.org/10.25118/2236-918X-6-1-1Palavras-chave:
Transtornos de personalidade, etiologia, éticaResumo
A causalidade da psicopatia reside em uma interação ainda mal compreendida entre fatores genéticos, biológicos, ambientais, sociais e psicodinâmicos. O clássico modelo biopsicossocial hipotetiza que a psicopatia se desenvolve quando há componentes genéticos e neurobiológicos associados a traços de personalidade como impulsividade, com aumento de risco quando esses indivíduos são expostos a uma família disfuncional e agravamento quando o ambiente social do entorno falha na proteção básica. No entanto, outros modelos vêm sendo estudados. Costuma-se categorizar estrutura e funcionamento cerebral, neurotransmissores e hormônios como fatores de risco biológicos; no entanto, a maneira como se manifestam e alterações nessas estruturas podem ter origem tanto genética quanto ambiental, ou refletir uma interação entre ambos, o que é denominado de interação biossocial. Atuando na expressão gênica, fatores ambientais podem modificar o cérebro, alterando os traços psicopáticos e aumentando o risco para a patologia ou, ao contrário (de maneira positiva), protegendo o indivíduo. Com relação às influências ambientais, disfunção familiar é o fator psicológico mais importante, abrangendo comportamento antissocial ou alcoolismo paternos, falta de limites e supervisão enquanto criança e separação ou perda de um dos pais. Trauma infantil pode ter um impacto dramático na saúde mental da criança, estando também relacionado à psicopatia. Por fim, questões éticas são discutidas: A presença da psicopatia altera a responsabilidade penal desses indivíduos? Se sim, de que forma? O lugar do psicopata, após um crime cometido, é a prisão ou o hospital forense? É correto submeter psicopatas a pesquisas e investigações científicas? Essase outras questões são abordadas à luz dos conhecimentos e controvérsias atuais.
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