A psicanálise como uma pseudociência: respondendo a objeções ao seu status pseudocientífico

Autores

  • Clarice de Medeiros Chaves Ferreira Fundação Mineira de Educação e Cultura, Universidade FUMEC, Belo Horizonte, MG, Brasil; Associação Brasileira de Psicologia Baseada em Evidências, ABPBE, Belo Horizonte, MG, Brasil https://orcid.org/0000-0002-0766-1827
  • Vitor Douglas Andrade Universidade Federal de Minas Gerais, UFMG, Belo Horizonte, MG, Brasil https://orcid.org/0000-0003-4094-5474

DOI:

https://doi.org/10.25118/2763-9037.2022.v12.409

Palavras-chave:

Pseudociência, Psicanálise, Ciência, Metodologia, Filosofia

Resumo

Em contribuição à discussão sobre o problema da demarcação aplicado às abordagens da psicologia, Ferreira publicou um artigo sobre o status científico da psicanálise que a classificou como uma pseudociência. Oliveira escreveu um artigo em resposta ao Ferreira, alegando que, embora a psicanálise não seja uma ciência, é incorreto enquadrá-la como uma pseudociência. Defenderemos que os contra-argumentos de Oliveira não são adequados, e não respondem às críticas de Ferreira. Para cumprir nosso objetivo, dividimos o desenvolvimento deste artigo em dez pontos diferentes a serem respondidos, todos presentes na argumentação de Oliveira e que também podem ser facilmente utilizados por outros entusiastas da psicanálise. Esses pontos incluem discussões sobre a testabilidade e a metodologia das ciências naturais como critérios de demarcação, a dependência de critérios Popperianos para avaliar cientificidade da psicanálise, o impacto de teorias do significado para a demarcação de Hansson, a relevância de os proponentes da psicanálise declararem que a mesma é científica para a demarcação, entre outros. Os problemas nos argumentos de Oliveira podem ser divididos em dois grupos principais: (1) na forma como representa a teoria demarcacionista adotada por Ferreira; e (2) pela desconsideração de questionamentos e críticas metateóricas, que são, na realidade, o mais central para todo o debate. Pensamos que Oliveira não obteve sucesso em suas objeções ao Ferreira. Desse modo, ainda há boas razões para considerar a psicanálise uma pseudociência.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Métricas

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Clarice de Medeiros Chaves Ferreira, Fundação Mineira de Educação e Cultura, Universidade FUMEC, Belo Horizonte, MG, Brasil; Associação Brasileira de Psicologia Baseada em Evidências, ABPBE, Belo Horizonte, MG, Brasil

Vitor Douglas Andrade, Universidade Federal de Minas Gerais, UFMG, Belo Horizonte, MG, Brasil

Referências

Fontes FF. A crítica à psicanálise: um capítulo censurado. Psicologia em Revista. 2014;20(3):446-459 https://doi.org/10.5752/P.1678-9523.2014V20N3P446

Ferreira CMC. Será a psicanálise uma pseudociência? Reavaliando a doutrina utilizando uma lista de multicritérios. Debates em Psiquiatria. 2021;11:1-33. https://doi.org/10.25118/2763-9037.2021.v11.58

Popper K. Conjectures and refutations: the growth of scientific knowledge. London: Routledge; 2002.

Hansson SO. Definindo pseudociência e ciência. Crítica na Rede. 2021. https://criticanarede.com/pseudociencia.html

Oliveira EAM. Por que a psicanálise não é uma pseudociência? Sobre as novas bases epistemológicas da psicanálise. Debates em Psiquiatria. 2022;12:1-19. https://doi.org/10.25118/2763-9037.2022.v12.283

Newton-Smith WH. The rationality of science. London: Routledge; 2003. https://doi.org/10.4324/9780203046159

Murcho D. O que é a filosofia? Crítica na Rede. 2015. https://criticanarede.com/oqueeafilosofia.html

American Psychological Association. APA. Psychology. APA Dictionary of Psychology. https://dictionary.apa.org/psychology

Laplanche J, Pontalis JB. Vocabulário da psicanálise. P. Tamen, Trad. 9ª ed. São Paulo: Martins Fontes; 1986.

Dunker CIL. Estrutura e constituição da clínica psicanalítica: uma arqueologia das práticas de cura, psicoterapia e tratamento. São Paulo: Annablume; 2011.

Ferreira CMC, Andrade VD, Pereira TM, Rodrigues JPP, Oliveira VF, Peixoto CB, Fretta GC. (2022). Psicanálise Funciona? Avaliando a Prova Cabal de Christian Dunker. https://doi.org/10.31234/osf.io/aevt7

Leonardi JL, Meyer SB. Prática baseada em evidências em psicologia e a história da busca pelas provas empíricas da eficácia das psicoterapias. Psicologia: Ciência e Profissão. 2015;35(4): 1139-1156. https://doi.org/10.1590/1982-3703001552014

Myers DG, DeWall CN. Psychology. 12th ed. New Yourk: Worth Publishers, 2018.

Pourhoseingholi MA, Baghestani AR, Vahedi M. How to control confounding effects by statistical analysis. Gastroenterology and Hepatology from Bed to Bench. 2012;5(2):79-83.

Herbert R, Jamtvedt G, Hagen KB, Mead J. Practical Evidence-Based Physiotherapy. 2nd. ed. London: Elsevier Churchill Livingstone; 2011. https://doi.org/10.1016/B978-0-7020-4270-6.00001-6 - PMid:21261810

Triola MF. Introdução à estatística. 12nd. ed. Rio de Janeiro: LTC. Livros Técnicos e Científicos: 2017.

Kahneman, D. Thinking, fast and slow. New York: Farrar Straus and Giroux; 2011.

Walfish S, McAlister B, O'Donnell P, Lambert MJ. An investigation of self-assessment bias in mental health providers. Psychological Reports. 2012;110(2):639-644. https://doi.org/10.2466/02.07.17.pr0.110.2.639-644 PMid:22662416

Lilienfeld SO, McKay D, Hollon SD. Why randomised controlled trials of psychological treatments are still essential. The Lancet Psychiatry. 2018;5(7):536-538. https://doi.org/10.1016/s2215-0366(18)30045-2 - PMid:29602738

Michaelson E, Marga R. Reference. The Stanford Encyclopedia of Philosophy. Stanford, CA: Stanford University; 2022. https://plato.stanford.edu/archives/sum2022/entries/reference/

Araújo MRA. Holismo e testabilidade de teorias científicas: uma análise da tese Duhem-Quine (Dissertação de mestrado). Universidade Federal de Goiás. 2005. https://repositorio.bc.ufg.br/tede/handle/tede/5930

Quine WVO. Two dogmas of empiricism. In: Harding SG (Ed.). Can theories be refuted? Essays on the Duhem-Quine Thesis (Vol. 81, Ser. Synthese Library, p. 41-64). Ensaio, Springer Dordrecht; 1976. https://doi.org/10.1007/978-94-010-1863-0_2

Boudry M. Pseudoscience and epistemic black holes: the curious case of psychoanalysis [gravação de palestra]. 1º Congresso Brasileiro de Psicologia Baseada em Evidências, Brasil. 2022. https://abpbe.org/congressoapbe/

Paris J. An evidence-based critique of contemporary psychoanalysis: research, theory, and clinical practice. Abingdon: Routledge; 2019. https://doi.org/10.4324/9780429020674

Cioffi F. Pseudoscience: the case of Freud's sexual etiology of the neuroses. In: Pigliucci M, Boudry M. (Eds.). Philosophy of pseudoscience: reconsidering the demarcation problem. p. 321-340. Chicago: The University of Chicago Press; 2013. https://doi.org/10.7208/chicago/9780226051826.003.0018

Neves TI, Lopes AM, Moraes TC. Reintroduzindo o sintoma: a psicanálise como obstáculo à cientificização do tratamento psíquico. Estudos e Pesquisas em Psicologia. 2013;13(1):237-253. https://doi.org/10.12957/epp.2013.7934

Bernardi R, Fonagy P, Kächele H, Leuzinger-Bohleber M, Scarfone D. An open door review of outcome and process studies in psychoanalysis. 3rd ed. London: International Psychoanalytical Association; 2015. 409 p. https://www.ipa.world/ipa/IPA_Docs/Open%20Door%20Review%20III.pdf

Downloads

Publicado

2022-12-11

Como Citar

1.
Ferreira C de MC, Andrade VD. A psicanálise como uma pseudociência: respondendo a objeções ao seu status pseudocientífico. Debates em Psiquiatria [Internet]. 11º de dezembro de 2022 [citado 8º de setembro de 2024];12:1-33. Disponível em: https://revistardp.org.br/revista/article/view/409

Edição

Seção

Artigos de Atualização

Plaudit