Disfunção gastrointestinal no transtorno do espectro autista e suas possíveis condutas terapêuticas
DOI:
https://doi.org/10.25118/2763-9037.2019.v9.46Palavras-chave:
Distúrbios gastrointestinais, transtorno do espectro autista, dietaResumo
O transtorno do espectro autista (TEA) é um distúrbio do neurodesenvolvimento definido por déficits sociais, deficiências de linguagem e comportamentos repetitivos com interesses restritos. Os distúrbios gastrointestinais são comuns em crianças com TEA, e os estudos sugerem que essas alterações podem interferir na patogênese e no prognóstico desses indivíduos. Os sintomas mais comuns são diarreia crônica, constipação, desconforto abdominal, refluxo gastroesofágico e intolerância alimentar. As disfunções gastrointestinais podem se manifestar apenas por alterações comportamentais e, assim, interferir no funcionamento do indivíduo, podendo também afetar o relacionamento familiar, sendo determinantes da qualidade vida esses indivíduos. Essas alterações podem se apresentar na forma de auto e heteroagressão, bem como de perturbação do sono ou irritabilidade. Em razão da dificuldade de interação social e da alteração na fala dos indivíduos com TEA, algumas vezes os distúrbios gastrointestinais não são reconhecidos pela equipe assistente, e as alterações comportamentais são exclusivamente atribuídas ao TEA, o que leva ao insucesso do tratamento. Os psicofármacos utilizados para tratamento das alterações comportamentais em portadores de TEA, como a risperidona, também podem contribuir para a mudança do padrão de alimentação dessas crianças e para as alterações gastrointestinais. É importante um acompanhamento multidisciplinar, a fim de otimizar e assegurar o diagnóstico mais precoce e identificar os problemas gastrointestinais, estabelecendo-se, assim, um tratamento individualizado que evite limitações futuras.
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